sexta-feira, 25 de julho de 2014

Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque - Parte 1

Nesta postagem quero contar sobre minha viagem ao Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, no Amapá que fiz em julho deste ano junto com meu marido. Espero que seja útil a alguém ou que inspire a viajar.
O Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque é, para quem não sabe, o maior Parque Nacional do Brasil e com a maior área de floresta amazônica intocada do mundo.
Embarcamos de Ribeirão Preto, fizemos conexão em Brasília, depois breve parada em Belém, sem sair do avião e finalmente Macapá, perfazendo no total 7 longas horas de viagem, pois são mais de 4.000 km de distância.
O que mais impressiona em Macapá, com certeza, é o Rio Amazonas. Uma coisa é você ler nos livros de geografia na escola que ele é o segundo rio mais extenso do planeta, perdendo apenas para o Nilo, mas que possui a maior vazão 1, outra coisa é estar na sua margem e não avistar o outro lado, ou melhor, achar que uma manchinha verde que vê no horizonte é a outra margem, quando na verdade é uma ilha imensa. Existe um trapiche que avança 200m por cima do rio, onde eu eu meu marido ficamos admirando suas águas barrentas sob a luz da incrível Super Lua de julho2. Um silêncio reina no local, frequentado por jovens casais.

    
Nós nos hospedamos no Hotel Ibis (R$ 159,00 a diária), pois tem um preço justo e fica muito perto da orla e do centro. O café da manhã não é incluído e custa R$ 16,00, mas é farto e variado. Existem outras opções mais baratas, como o Glória e opções mais sofisticadas, como o Amazon Plaza Hotel. Fica a seu critério a escolha.
A orla é uma delícia, com diversos restaurantes onde se pode apreciar o delicioso peixe filhote do Amazonas grelhado e com molho de tucupi. Nos diversos quiosques pode-se provar comidas típicas da região como o tacaca e a maniçoba. O primeiro é uma sopa de camarão com caldo de tucupi. Um sabor exótico e estimulante. A maniçoba é feita com folhas de mandioca brava, carne bovina ou suína, acompanhada de arroz e farinha. Também não podemos deixar de experimentar o super refrescante coco gelado com porção de abacaxi.

Tacaca

Maniçoba
Em Macapá nos encontramos com o chefe do ICMBio do Parque, Christoph B. Jaster 3. Este é o homem o qual, sem sua autorização, não se chega até o Tumucumaque. Nos encontramos no saguão do hotel e ele nos passou toda as informações importantes sobre nossa aventura: mostrou-nos mapas, explicou sobre a região, nos forneceu os contatos a serem feitos e além disso nos permitiu pernoitar na sede do ICMBio em Serra do Navio. Com muita simpatia e profissionalismo, nos fez sentir em segurança e acolhidos. É muito reconfortante viajar milhares de quilômetros e encontrar alguém assim. Além disso, é ótimo saber que o Parque está nas mãos de alguém como ele.

Christoph Jaster, chefe do ICMBio do Parque Montanhas do Tumucumaque e Eli, meu marido e companheiro da aventura.

Pegamos um ônibus de Macapá a Serra do Navio às 7:45h e chegamos por volta do meio dia (este tempo pode variar muito dependendo das condições da estrada) para percorrermos um trajeto de 200km. No caminho, que é na maior parte estrada de terra, passamos por algumas cidadezinhas muito pobres, que me fizeram refletir muito. Pensei sobre como aquelas pessoas são esquecidas pela Região Sudeste, pelo Governo do Amapá e pelo Federal. Pensei em como é possível viver com tão poucos bens materiais. Pensei em como todas as pessoas eram parecidas comigo, no jeito de sorrir, de fumar, de beber, de andar. Fiquei com vontade de conversar, de conhecer mais. Enfim chegamos e fomos caminhando até a sede do ICMBio, onde tomamos banho, preparamos uma refeição e assistimos ao final da Copa do Mundo junto a simpática vigilante do local (Roseli) e torcemos com todas as forças para a Alemanha. Meu celular da Vivo e o Claro de meu marido alternavam em funcionamento. Entretanto, tanto em um como no outro as ligações ficavam cortando, mas deu para dar notícias de vida às famílias ansiosas e sossegar um pouco a saudade. Descansamos, pois 80km de barco rio acima nos aguardava até a entrada do Parque.